sábado, 28 de abril de 2012

O papel do ‘rito’ na relação do africano ‘Bantu’ com o sagrado.

Padre José Adriano Ukwatchali
Seminario del Buen Pastor
Angola

O rito foi definido como aquilo que da’ a espessura à celebração dos sagrado. A consciência do homo religiosus nasce exactamente dos ritos porque e’ um ser cultural e cerimonial, isto e’, vive a partir dos ritos.
Os africanos bantos têm os seus ritos para celebrar o sagrado, as suas cerimonias rituais. Os ritos na vida são necessários para ritmar  e harmonizar a existência com cores diversas.
O africano e’ conhecido como o homem do rito, celebra-o ainda hoje com solenidade e mistério em cada etapa da sua vida. Do nascimento ao túmulo e ate’ na vida do além-túmulo.
Os ritos africanos abraçam deste modo o inteiro arco da vida. Vive-se celebrando com ênfase os ritos de passagem e entre estes são dignos de nota os ritos de iniciação.  Quem se recusa a estes ritos , corta com a “corrente vital”, rompe a harmonia com a comunidade e não faz mais parte da “participação vital”.
Em quase todas sociedades africanas cumprem-se os ritos e cerimonias assinalar momentos de transformação. Os mais famosos são aqueles do nascimento, de iniciação, da puberdade e da morte. São os ritos de crise vital, que se definem como: “ momento importante do desenvolvimento físico ou social de uma pessoa, como o nascimento, a puberdade ou a morte[1].
Os ritos de iniciação são revestidos de sagrado, de uma linguagem mistico-religiosa. Aqueles que não foram iniciados são tidos  como profanos , por isso, não podem ter acesso a esta cerimonia considerada de sacralidade mitico-misteriosa.
Entre os segredos que o africano banto conserva dentro de si, aqueles da iniciação são os mais sagrados, porque exprimem o seu “universo linguistico” com uma simbologia, para alem do impacto físico.                          
Para a mentalidade africana banto, a pessoa e’ em construção, servem por isso, os ritos de passagem para ajuda-la a entrar nos momentos decisivos da vida, que modificam a sua historia, e assim ser em grau de penetrar sempre mais no mistério da “vida participada “. A iniciação e’ um processo permanente na vida humana.
O homem pode penetrar sempre mais no mistério da vida participada, mas nunca pode conhecer, manipular ou dominar as imensas capacidades dos dois mundos, tão fecundos em diversidade e possibilidade.
O “muntu” sabe que Deus permanece sempre o “Outro misterioso e que nunca esgotara’ o mistério da “participação vital” e tambem não conhecera’ as incessantes e imprevista acções do dinamismo vital.
Os ritos são para o “muntu” um suporte a religião, porque inserem   as pessoas no interior da vida religiosa e cultural do grupo.
Constituem verdadeiramente o fundamento da comunidade. 




[1] Victor TURNER, La foresta dei simboli, Morcelliana, Brescia 1974, p.29
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